Uma das mais
importantes mulheres brasileiras é Mãe Stella de Oxóssi, Odé
Kaiodê, nome pelo qual atende Maria Stella de Azevedo, ialorixá
do Ilê Axé Opo Afonjá, em Salvador. Mãe Stella recebeu da Câmara
de Vereadores da cidade a mais alta comenda para mulheres de destaque
na Bahia : a Medalha Maria Quitéria. Tal honraria e as inúmeras
manifestações de carinho surgiram na vida de Mãe Stella por ser
uma das mulheres batalhadoras, que lutam com todas as suas forças
em defesa da especificidade cultural do candomblé, assumindo posições
firmes contra o sincretismo religioso, servindo assim de bandeira
para os demais terreiros do país, sendo, segundo Ildásio Tavares,
Ogan Omi l'Arê (Ogan de Oxum mais velho da casa) a primeira
ialorixá a combater publicamente o sincretismo.
Mãe Stella foi
a primeira ialorixá a escrever sobre sua tradição religiosa e a
vida nas comunidades-terreiro, em seu livro Meu tempo é Agora
de 1993, atualmente esgotado. Representando toda a força , dignidade
e capacidade de criação das Iyá-mi( mães ancestrais), desfaz completamente
a imagem criada em nosso meio, da mulher negra desprovida de valores,
objeto sexual e incapaz de refletir ou participar da sociedade ,que
na verdade, ajudou a construir !
Em 1983, durante
a II Conferência Internacional da Tradição dos Orixás e Cultura,
em Salvador, bem como em 1986 em Nova Iorque, na III Conferência,
Mãe Stella manifestou-se contra a fusão dos orixás africanos com
os santos católicos, afirmando:
"Nos tempos
atuais, de total liberação, é bom lembrar que estas manobras devem
ser abandonadas, assumin- do cada um sua religião de raiz.!"
Ao se falar
de Mãe Stellla levanta-se o véu que encobria a mulher negra plena
de dignidade e identidade, como se pode deduzir das afirmações de
uma de suas filhas mais diletas, a Agbeni Cleofe Martins:
"Mãe Stella
é a coragem do bem! É uma transgressora pela vida, o que a aproxima
muito do orixá Iansã. É a suma sacerdotisa que continua desenvolvendo
o trabalho da Mãe Aninha (Oba Biyi)na religião dos orixás!
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