Vanda
Ferreira
Assista
ao depoimento de nossa querida Pérola Negra - Vanda
Ferreira, efetuado na passagem do dia 09/03, para a Petrus.
Um exemplo de vida que nos enche de orgulho!
Foto:
Adagoberto Arruda
********
"Os
brasileiros precisam conhecer a história dos negros"
Petronilha Beatriz
Responsável
pelo parecer do Conselho Nacional de Educação
que instituiu, há alguns anos, a obrigatoridade
do ensino da história da África e de seus
descendentes nas escolas brasileiras, a gaúcha
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva é titular
de Ensino-aprendizagem-Relações Étnico-Raciais
da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar),
pesquisadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros
e coordenadora do Grupo Gestor do Programa de Ações
Afirmativas da mesma universidade. Com vasto currículo
acadêmico, a professora possui, ainda, graduação
em Português e Francês (1964), mestrado em
Educação (1979) e doutorado em Ciências
Humanas-Educação (1987), pela Universidade
Federal do Rio grande do Sul. No exterior, cursou especialização
em Planejamento e Administração no Instituto
Internacional de Planejamento da UNESCO, em Paris (1977),
e fez estágio de Pós-Doutorado em Teoria
da Educação, na University of South Africa,
em Pretória, África do Sul (1996). Com toda
essa bagagem, tornou-se uma das maiores especialistas
em Educação Étnico Racial no Brasil
e a primeira negra a pertencer ao Conselho Nacional de
Educação. Com exclusividade à RAÇA
BRASIL, Petronilha fala sobre os rumos da educação
e da Lei 10.639, além do polêmico caso do
livro Caçadas de Pedrinho, do escritor Monteiro
Lobato. “Ele é um grande literato, mas era
racista”, afirma,
Como nasceu a ideia de criar uma lei para ensinar nas
escolas a história da Àfrica e seus descendentes?
Em
2002, fui conduzida ao Conselho Nacional de Educação
por indicação do Movimento Negro. Aí,
começaram a chegar algumas denúncias, como
a acorrida num desfile de 7 de setembro, no Tocantins.
Não me lembro o nome da cidade, mas não
foi na capital. No evento desfilaram crianças de
colégio. Um grupo desfilou andando no asfalto com
os pés descalços como escravizados e uma
menina branca, loura, carregada numa cadeirinha por dois
meninos negros. Diziam que estavam contando a história
dos transportes. Essa situação toda foi
fotografada e fizeram uma exposição na prefeitura
da cidade. O movimento negro local pediu para que fosse
retirada. Como não o fizeram, o caso foi parar
no Conselho.
Assim
como a denúncia do livro de Monteiro Lobato?
Sim,
mas chegavam casos dos mais variados. Lembro- me, por
exemplo, do pai de um menino negro. A criança não
queria ir à escola e o pai, querendo saber o motivo,
descobriu que era por causa de um livro com uma representação
negativa em imagens. Talvez as pessoas tivessem uma intenção,
digamos, boa, só para dar um exemplo. Esse segundo
caso chegou por meio do MEC.
O
primeiro caso, do Tocantins, encaminhamos para a Secretaria
do MEC de Educação Fundamental que, por
sua vez, tomou providência. Isso para lhe dar um
exemplo do tipo de demanda que chegava ao Conselho. Ao
mesmo tempo, a gente sabia que havia uma expectativa,
claro, do Movimento Negro. Eu propus que houvesse alguma
manifestação do Conselho. Convidei militantes
que estavam em Brasília para, quando estivéssemos
em reunião do Conselho, participássemos
paralelamente da reunião. Assim, vários
militantes passaram a companhar as reuniões do
Conselho. Surgia o embrião que resultaria na Lei
10.639.
Mas
antes disso já havia professores e ativistas negros
que trabalhavam a questão racial dentro das escolas
em todo o Brasil.
Sim,
havia um entendimento no Movimento Negro e professores
que já trabalhavam com história e cultura
afro-brasileira e africana, mas tinha que haver uma mudança
nas relações entre negros e não negros,
e isso exigiria a elaboração de diretrizes.
Então, reunimos um grupo por, praticamente, dois
anos.
Nessa
comissão é que nos organizamos, de uma maneira
informal, sem a oficialização do Conselho,
e fizemos também uma programação,
porque haveria mudança de governo. No mês
de dezembro, apresentamos para a comissão que cuidava
da transição uma proposta do que seria importante
nos diferentes níveis de ensino, relativamente
à população negra para um governo
bom. Voltando às diretrizes, fizemos uma consulta,
um questionário, que foi distribuído via
internet para pessoas do movimento negro, professores,
secretarias de educação, estudantes…
Muitas discussões foram feitas.
Ou
seja: o tema foi amplamente discutido com a sociedade.
Houve resistência?
E
muita. Houve quem ponderasse, na época, que isso
poderia acirrar o racismo, e até hoje há
quem ainda diga isso. Quando a lei foi aprovada, houve
manifestação de diferentes intelectuais
contrários a ela.
“Digo
que algumas idéias e sentimentos pré-concebidos
contra a população negra influi, sim, no
fato de as pessoas, por exemplo, acharem que é
desnecessário ensinar e educar as relaçõe
raciais na escola, porque acham que está tudo bem"
Entre
os professores, também existe resistência
em acatar a lei?
Não
tenha dúvida, pois as leis de diretrizes exigem
uma mudança de mentalidade do professor, uma mudança
de mentalidade da relação do professor,
inclusive com pessoas negras e da imagem que o professor
tem das pessoas negras. Eu pergunto em cursos e palestras
e peço para as pessoas pensarem: O que eu penso
das pessoas negras? De onde vem o que eu penso sobre elas?
Aprendi onde? Aprendi quando criança, brincando,
ou aprendi estudando? De onde é que vem, qual é
a raiz, a origem? Pergunto para as pessoas se darem conta
de que elas, às vezes, se comportam sem ter muita
clareza de onde vêm a origem e a raiz do seu comportamento.
A
senhora diria que a resistência de alguns professores
em não querer aplicar a lei se deve também
a certo racismo?
Digo
que algumas ideias e sentimentos pré-concebidos
contra a população negra influi, sim, no
fato de as pessoas, por exemplo, acharem que é
desnecessário ensinar e educar as relações
raciais na escola, porque acham que está tudo bem.
De um lado é a necessidade de troca de mentalidade,
de outro, um fato das normas legais que são adotadas.
Os professores não têm ainda o hábito
de lerem e interpretarem as leis de diretrizes, então,
fica a cargo de uma coordenadora, de uma supervisora,
que diz o que tem que ser feito. Fica nas mãos
de um e de outro que pode até, por preconceito,
fazer vistas grossas na aplicação da lei.
Em
relação à lei, a maior crítica
que se faz é quanto ao despreparo do professor
para ensinar a matéria na sala de aula.
Os
brasileiros precisam conhecer a história dos negros.
O que acontece é que a lei de diretrizes de bases
é, até certo ponto, explícita, mas
tem muitos detalhes, trata de muitos níveis de
ensino, e um artigo não dá toda a explicitação.
Qual é o papel do Conselho Institucional de Educação
diante disso? Interpretar as determinações
legais, criar e oferecer elementos para que sejam implantadas.
Quero dizer o seguinte: o termo, o artigo da lei é
lacônico, mas as diretrizes curriculares que regulamentam
para que se possa implantar são detalhadas. Uma
das coisas que ela diz é que é preciso criar
condições para que os professores implantem
entre eles, recebendo informações, fazendo
cursos, criando materiais. Mas isso cabe a quem? Cabe
à Secretaria de Educação e aos próprios
estabelecimentos de ensino, cabe às mantenedoras.
Existe
alguma punição para a escola, professor
ou secretaria que não esteja cumprindo a lei?
Por
iniciativa do próprio Ministério Público,
no Rio de Janeiro tem um grupo de advogados que estimulou
essa cobrança. A minha universidade, por exemplo,
já recebeu. O Ministério Público
foi perguntando: Existe uma lei. O que vocês fizeram?
Como universidade, tem cumprido o que está determinado?
Recentemente, o Ministério Público da região
de São Carlos chamou as secretarias municipais
de educação e perguntou: O que vocês
têm feito? Vocês têm um setor da secretaria
ou uma seção para cuidar disso? Se não
tem, tem que ter! Chamou a nossa universidade também
para dizer: Eles precisam criar condições
e vocês têm que ajudar a criar essas condições.
O Ministério Público é que tem se
encarregado e faz esse controle.
E
qual tem sido a resposta?
Para
você ter uma ideia, no Rio Grande do Sul, o Ministério
Público fez uma cartilha para que não chegassem
com a grande e maior desculpa que é: Não
temos material!
Logo
que foi promulgada a lei e que saíram as diretrizes
curriculares, a gente até poderia dizer que os
materiais eram muito escassos. Não é que
eles fossem de fato inexistentes, mas acontecia que grande
parte deles era produzida pelo movimento negro, por pessoas,
individualmente. O número das publicações
para divulgação era muito restrito, era
apenas para aquele universo. Existia tanto que as professoras
ligadas ao Movimento Negro ou, sabendo da existência
dele, e que se deram ao trabalho de ler as diretrizes
que indicavam que o Movimento Negro deveria ser consultado,
fizeram isso e tinham material. Mas, hoje, não
dá para dizer que não há material.
A Secretaria de Educação e o MEC publicaram
muito coisa e compraram também.
Então,
quem não aplica a lei atualmente, é mais
por falta de vontade?
Eu
acho que sim. Diria que é má vontade, na
medida em que o projeto de sociedade inclui uma sociedade
elitista, onde há discriminação.
As pessoas vão ter que revisar as suas posições
em relação às outras. Esse é
o grande Brasil. Não é só saber algumas
coisas. Então, o que acontece, as escolas estão
fazendo ainda atividades pontuais.
O
que a senhora achou da polêmica com o livro Caçadas
de Pedrinho, de Monteiro Lobato?
O
que está em questão no parecer do Conselho,
com muita clareza, não é a qualidade literária
da obra, que não está dizendo que ele é
um mau autor. Está dizendo que ele escreveu, em
uma época, coisas que desqualificam a população
negra, ele teve atitudes racistas e que isso vai reforçar
essas atitudes nas crianças que lerem e vão
fazer com que as crianças negras se sintam discriminadas,
sofram e tenham vergonha de serem negras. É isso
que está dizendo o parecer. É importante
que o próprio livro chame a atenção
do professor para este fato e que se faça um encaminhamento
para saber como os professores lidam com isso. Há
muito tempo não leio Monteiro Lobato e me dei conta
do por quê chamam tanto as crianças negras
de macacas. “Ah! O Monteiro Lobato está chamando!”A
Emília é uma boneca, é o personagem
preferido do … Seja uma boneca, uma árvore,
um rato, não importa, esse personagem traz essa
mensagem. Nas escolas chamam as crianças negras
de macacas, mas o Monteiro Lobato está ensinando.
“A
CRIANÇA NEGRA TEM QUE LER SABENDO QUE ESSA PESSOA
ERA UMA PESSOA RACISTA, QUE NÃO GOSTAVA DE NEGROS.
SE GOSTASSE, NÃO ESCREVERIA NEM SE REFERIRIA A
ELES DESSA FORMA”
Qual
a sua opinião sobre Monteiro Lobato?
Ele
é um grande literato, mas era racista, tinha uma
posição dentro de sua época e isso
tem que ser pontuado. Eu vou fazer a crítica de
uma obra literária? Vou sim, se essa obra faz mal
para alguém. A criança negra tem que ler
sabendo que essa pessoa era uma pessoa racista, que não
gostava de negros. Se gostasse, não escreveria
nem se referiria a eles dessa forma. E as crianças
têm de ser reforçadas para não sofrerem.
Elas têm que conhecer Monteiro Lobato e as crianças
brancas têm que saber que ele era racista e que
isso faz sofrer, desqualifica as pessoas e a gente quer
uma sociedade democrática.
Como
uma família deve agir se perceber que a escola
de seu filho não obedece à lei?
Se
o pai e a mãe perceberem que na escola de seus
filhos estão contempladas somente imagens e histórias
de crianças brancas, devem pegar o parecer e ir
até lá dizer: “Olha, está escrito,
foi o Conselho Nacional de Educação, quero
ver quando vão obedecer a essa lei”. Tenho
certeza que o dia em que os pais entrarem na escola com
os pareceres, cobrando da escola, as coisas vão
mudar.
Fonte:
REVISTA RAÇA BRASIL
Textos e fotos: Maurício Pestana
*********
Lelia Gonzalez - Uma mulher de luta*
Mulheres
negras: do umbigo para o mundo no seu trabalho
de garimpagem, encontrou Lélia Gonzalez numa entrevista
realizada em Salvador, por Jônatas Conceição e editada
por Edson Cardoso para o Jornal do MNU, no. 19, maio/junho/julho
de 1991.I Militante, pesquisadora, professora, antropóloga,
Lélia Gonzalez jamais poderá ser esquecida por nós, mulheres
negras, que temos orientado nossa práxis política e social
para promover a emancipação da população afrodescendente.
Sua memória tem de ser lembrada sempre que vivermos momentos
de grande importância, como o atual, onde estamos envolvidas
com o processo preparatório para a III Conferência Mundial
de Combate ao Racismo, Discriminação, Xenofobia e outras
formas de Intolerância. Já são quase dez anos, ela não
está mais entre nós, mas veja que lucidez tinha nossa
companheira. Espero que gostem, reflitam e discutam as
idéias colocadas aqui!
* Esta entrevista foi reeditada por Fatima
Barbosa para o site www.mulheresnegras.org
** Crédito da fotografia da Lélia: Jornal
do Brasil
CLIQUE AQUI PARA VER A ENTREVISTA
COMPLETA
******
Neusa
das Dores Pereira.
http://www.mulheresnegras.org/neuza.html
*******
Sueli
Carneiro uma guerreira
contra o racismo
Caros
Amigos, ed.35 - A entrevista explosiva é com Sueli
Carneiro, que declarou guerra ao racismo e ao que chama
de “mito da democracia racial” no Brasil. http://www.uol.com.br/carosamigos/edicao/ed35/entrevista.htm
*********
Zezé Mota
- http://www.cidan.org.br
Nascida
em Campos, cidade do norte fluminense, logo aos dois anos
de idade Zezé veio para o Rio de Janeiro, onde passou
a estudar em um colégio interno. Um dia, levada pelas
mãos de Maria Clara Machado, foi como bolsista, fazer
um curso de teatro no Tablado, e começou a se interessar
pela arte de representar. Em 1967 já estava profissionalizada.
Como atriz, Zezé Motta tem carreira fulgurante. Sua estréia
no teatro se deu em 1967, com "Roda Viva", sob direção
de José Celso Martinez Corrêa e, desde então, participou
do elenco de importantes peças como: "Fígaro, Fígaro",
"Arena conta Zumbi", "A Vida Escrachada de Joana Martine"
e "Baby Stompanato", em 1969; "Orfeu Negro", em 1972,
e "Godspell", em 1974, entre outras. Com passagens pelo
cinema, em "A Rainha Diaba". "Vai Trabalhar Vagabundo",
e a "Força de Xangô", Zezé fez teste para "Xica da Silva",
e foi com este papel que recebeu todos os prêmios como
atriz. A seguir, vieram "Tudo Bem", "Águia na Cabeça",
"Quilombo", "Jubiabá" e "Anjos da Noite". Em 1989, Zezé
Motta esteve nas telas em 6 filmes: "Sonhos de Menina
Moça", "Natal da Portela", "Prisioneiro do Rio", "El Mestiço",
"Dias Melhores Virão" , "Tieta" e "O Testamento do Sr.
Nepumoceno". No ano seguinte, participou de "Orfeu Negro",
de Cacá Diegues.
Recentemente, Zezé participou do filme "Xuxa e os Duendes
2 – No Caminho das Fadas" e protagonizou um curta metragem
sobre Carolina Maria de Jesus, autora do livro "Quarto
de Despejo"
Em televisão atuou nas novelas "Corpo a Corpo", "Pacto
de Sangue", "A Próxima Vítima" e "Corpo Dourado" da Rede
Globo e, "Kananga do Japão" e "Xica da Silva" da Rede
Manchete. Participou também das mini-séries "Mãe de Santo",
pela Manchete, "Memorial de Maria Moura" e "Chiquinha
Gonzaga" pela TV Globo. Recentemente fez a personagem
Nadir em "O Beijo do Vampiro", novela das 19:00 horas
na TV Globo.
A carreira de cantora começou em 1971, em São Paulo, quando
se apresentava como crooner nas casas noturnas Balacobaco
e Telecoteco.
Desde então, por sua voz de inegáveis recursos e seu timbre
especial, aliados a presença carismática, fizeram com
que ela personificasse a negritude com sua sensualidade
assumida, combinando o misticismo dos cultos afros com
uma ousadia ingênua.
Os convites para cantar começaram a aparecer e Guilherme
Araújo, na época empresário das maiores estrelas da nossa
música, tomou para si a chance do lançamento, e com um
show memorável no MAM/RJ, a cantora ZEZÉ MOTTA entrava
de vez na constelação de estrelas de MPB.
Em 1978, fez seu primeiro disco: "ZEZÉ MOTTA". Logo vieram
"Negritude", "Dengo" e "Frágil Força". Com Djalma Corrêa,
Jorge Degas e Paulo Moura, Lançou "Quarteto Negro" em
1988. Gravou "Chave dos Segredos" em 1995. Realizou apresentações
no exterior, convidada pelo Itamarati, representando o
Brasil em Hannover (Alemanha), no Carnegie Hall (New York),
além de França, Venezuela, México, Chile, Argentina, Angola
e Portugal. No show INVISÍVEIS CORES, Zezé fez uma homenagem
ao amigo LUÍS MELODIA, interpretando músicas de sua autoria.
Já em DIVINA SAUDADE, Zezé homenageia a divina Elizeth
Cardoso.
A veces, una combinación de problemas físicos y psicológicos causa disfunción eréctil. Por ejemplo, una condición física menor que hace más lenta su respuesta sexual puede hacer que se preocupe por mantener una erección. La ansiedad resultante puede llevar o agravar la disfunción eréctil. La disfunción conduce a la incapacidad de obtener ayuda. comprar Kamagra sin Receta em> en Chile.
É Presidenta do Centro
Brasileiro de Informação e Documentação
do Artista Negro - CIDAN
|