Sudão
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Situado
no nordeste da África, o Sudão é a maior nação do continente.
Os desertos predominam no norte, enquanto o sul é coberto
por savanas e florestas tropicais. A bacia do rio Nilo
atravessa o país e é fonte de energia elétrica e irrigação
para as plantações de algodão, principal produto exportado,
ao lado da goma-arábica. A maioria da população é rural
e vive da agricultura de subsistência. O território sudanês
encerra as duas realidades africanas: o norte é árabe-muçulmano,
ao passo que o sul é habitado por povos negros, cristãos
e animistas. A guerra civil entre o governo (muçulmano)
e guerrilheiros do sul já dura 40 anos.
Fatos
Históricos
Conhecido na Antiguidade como Núbia, o Sudão é incorporado
ao mundo árabe na expansão islâmica do século VII. O sul
escapa ao controle muçulmano e é vítima de incursões de
caçadores de escravos. Entre 1820 e 1822 é conquistado
e unificado pelo Egito. Entra, depois, para a esfera de
influência do Reino Unido, que domina o Egito no século
XIX. Em 1881 eclode uma revolta nacionalista chefiada
por Muhammad Ahmed bin' Abd Allah, líder religioso conhecido
como Mahdi, que expulsa os ingleses em 1885. Mahdi morre
logo depois, e os britânicos retomam o Sudão em 1898.
No ano seguinte, a nação é submetida ao domínio conjunto
egípcio-britânico. Obtém autonomia limitada em 1953 e
a independência em 1956. Começa no sul a guerrilha do
Exército de Libertação do Povo Sudanês (SPLA), sob o comando
de John Garang. Um golpe de Estado, em 1958, leva ao poder
o general Ibrahim Abboud, que renuncia após uma onda de
protestos em 1964. Um novo golpe, em 1969, instala uma
ditadura liderada pelo general Gaafar Nimeiry.
Fundamentalismo
islâmico
A tentativa de impor a Sharia - lei islâmica - provoca
revolta no sul, iniciando uma guerra civil entre as forças
do governo e os guerrilheiros de Garang. O regime do general
Nimeiry é derrubado num levante popular em 1985. Um governo
de transição, chefiado pelo general Swar al-Dhab, estabelece
a democracia pluralista. As eleições de 1986 colocam no
poder a Umma, partido político dos herdeiros de Mahdi.
O novo primeiro-ministro, Sadiq al-Mahdi, negocia com
os rebeldes do sul, mas não consegue pôr fim à guerra
civil. Sem maioria parlamentar, equilibra-se em coligações
instáveis até ser deposto, em 1989, por um golpe liderado
pelo general Omar Hassan al-Bashir. Seu regime é marcado
pela intensificação dos combates e pela crescente influência
do fundamentalismo muçulmano, liderado pela Frente Islâmica
Nacional, de Hassan Turabi. Seus partidários controlam
os postos-chave no governo e forçam a adoção, em 1991,
de um Código Penal baseado na lei islâmica.
Guerra
civil
Os combates entre a guerrilha do SPLA e o governo islâmico
provocam o êxodo de centenas de milhares de pessoas. Cerca
de 600 mil refugiados morrem de fome em Parayang, a 800
km de Cartum, a capital, em 1993. Pressões internacionais
forçam al-Bashir a permitir ajuda humanitária internacional
para a população, como a distribuição de alimentos. Em
1994 há nova escalada na guerra civil. Milhares de sudaneses
fogem dos bombardeios e refugiam-se no Quênia, em Uganda
e no Zaire, atual República Democrática do Congo, ao sul.
Terrorismo-Sudão e Egito quase entram em guerra em 1995,
quando o governo sudanês é acusado de apoiar um atentado
do qual escapa ileso o presidente egípcio Hosni Mubarak.
O Conselho de Segurança da ONU exige extradição de três
suspeitos do atentado. Diante da recusa sudanesa, a ONU
reforça sanções econômicas e diplomáticas contra o país,
como a proibição de vôos internacionais da estatal Sudan
Airways. Em 1996 são realizadas as primeiras eleições
legislativas e presidenciais desde o golpe de 1989. Al-Bashir
é eleito para presidente com 76% dos votos. A guerra civil
se intensifica em 1997, e os rebeldes ocupam várias cidades
próximas à fronteira com Uganda. No início de 1998, a
guerrilha ataca Wau (segunda maior cidade do sul) e Aweil.
A normalização das relações com o Egito leva à reabertura
do tráfego fluvial entre os dois países, no rio Nilo,
interrompido por quase quatro anos.
Constituição
Em maio de 1998, um referendo nacional aprova uma nova
Constituição, que prevê liberdade partidária. Atividades
políticas, porém, permanecem proibidas, até futura (e
não definida) regulamentação dos partidos. A Constituição
entra em vigor em julho, no nono aniversário do golpe
de Estado que destituíra o governo civil. O sul do país
atravessa nova onda de fome em meados do ano, provocada
pela guerra civil e pela seca. Organizações de ajuda humanitária
enfrentam dificuldades - impostas pelo governo sudanês
- na entrega de alimentos para a população.
Bombardeio
dos EUA
Em setembro, a explosão de dois carros-bombas nas embaixadas
norte-americanas no Quênia e na Tanzânia leva os Estados
Unidos a bombardear uma fábrica na periferia de Cartum,
sob alegação de que produzia e estocava armas químicas.
O governo sudanês, acusado por Washington de apoiar os
terroristas, afirma que o local fabricava apenas remédios.
Dados
Gerais
Nome oficial: República do Sudão (Al-Jumhuriyat as-Sudan)
Capital: Cartum
Nacionalidade: sudanesa
Idioma: árabe (oficial), inglês
Religião: islamismo 72% (sunitas), crenças tradicionais
17%, cristianismo 11% (católicos 7%, protestantes 4%)
(1992)
Moeda: libra sudanesa
Cotação para 1 US$: 1.940,00 (jul./1998)
Geografia
Localização: centro-leste da África
Características: planície banhada pelo rio Nilo e seus
afluentes (maior parte); litoral estreito; região semidesértica
com colinas (NO); deserto da Núbia (N); montes Núbia envolvidos
por um cinturão de areia (centro-O); região argilosa (L),
estendendo-se até as zonas pantanosas
Clima: árido tropical (N), tropical (S)
Área: 2.505.813 km²
População: 28,5 milhões (1998)
Composição étnica: árabes sudaneses 39%, africanos 58%,
outros 3% (1996)
Cidades principais: Omdurman (1.267.077), Cartum (924.505),
Cartum do Norte (879.105), Port Sudam (305.385), Kassala
(234.270) (1983)
Governo
República presidencialista (ditadura militar desde 1989).
Divisão administrativa: 26 estados.
Chefe de Estado e de governo: general Omar Hassan Ahmad
al-Bashir (desde 1989, indicado para presidente em 1993
e eleito em 1996).
Partidos políticos: não há, proibidos desde 1989.
Legislativo: unicameral - Assembléia Nacional, com 400
membros (275 eleitos por voto direto e 125 por indicação)
com mandato de 4 anos.
Constituição em vigor: 1998.
Economia
Agricultura: pluma de algodão (93,2 mil t), sorgo (3,4
milhões de t), trigo (642 mil t) (1997)
Pecuária: eqüinos (724 mil), bovinos (23,5 milhões), camelos
(3 milhões), caprinos (16,9 milhões), ovinos (23,4 milhões),
aves (38 milhões) (1997)
Pesca: 44,2 mil t (1995)
Mineração: sal (50 mil t), cromita (15 mil t), ouro (4,5
t) (1996)
Indústria: alimentícia (açúcar), têxtil, materiais de
construção (cimento), refino de petróleo
Parceiros comerciais: Arábia Saudita, Reino Unido, Alemanha,
Coréia do Sul, China
Relações
Exteriores
Organizações:
Banco Mundial, FMI, ONU, OUA
Embaixada: 2210, Massachusetts Avenue NW, Washington D.C.,
EUA
tel. (202) 388-8565, fax (202) 667-2406 |