Ruanda
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O
pequeno território de Ruanda encontra-se no centro-leste
da África, na montanhosa região dos grandes lagos. O lago
Kivu delimita boa parte da fronteira com a República Democrática
do Congo (ex-Zaire). No noroeste do país fica o Parque
Nacional dos Vulcões, que abriga um anel de sete vulcões,
o maior deles (Karisimbi) com 4.507 m de altura. A área
é um dos últimos redutos dos gorilas-das-montanhas, espécie
ameaçada de extinção. Com 246 habitantes por quilômetro
quadrado, a nação possui uma das maiores densidades demográficas
do continente. Os ruandeses vivem da agricultura, desenvolvida
em pequenas propriedades, e exportam chá e café. Cerca
de 90% da população é hutu e vive em conflito com a minoria
tutsi desde a época colonial. Em 1994 eclodem os mais
graves confrontos entre as duas etnias, e o país é palco
de um genocídio que deixa 1 milhão de mortos e 2,3 milhões
de ruandeses refugiados em países vizinhos.
Fatos
Históricos
A região é habitada originalmente por pigmeus e, mais
tarde, pelos hutus, povo banto da bacia do rio Congo.
Por volta do século XV, os tutsis, pastores de grande
estatura oriundos da Etiópia, chegam ao local e impõem
domínio feudal aos hutus, mais numerosos. Os europeus
vêm no século XIX, e, em 1899, a Alemanha declara seu
protetorado sobre o território. Com a derrota alemã na
I Guerra Mundial, os belgas ocupam Ruanda. Num primeiro
momento transformam os tutsis na elite, dotando-os de
poder político, econômico e militar. Na década de 50,
por outro lado, favorecem a formação de uma elite hutu.
Dessa forma, fomentam a rivalidade entre os povos locais
para dominá-los. Em 1962, a nação obtém a independência
sob a liderança dos hutus. Perseguidos, os tutsis se exilam
nos países vizinhos.
Guerra
civil
Os tutsis exilados formam a Frente Patriótica Ruandesa
(FPR) e, em 1990, invadem o norte de Ruanda, exigindo
participação no governo e o direito de retornar ao país.
Para aliviar as tensões, o presidente hutu Juvénal Habyarimana
(no poder desde junho de 1973) aprova o pluripartidarismo
em junho de 1991 e abre negociações com a guerrilha. Nova
ofensiva tutsi, em fevereiro de 1993, põe o acordo por
terra. O governo massacra civis tutsis. Em represália,
a FPR arrasa aldeias hutus e chega a menos de 30 km de
Kigali, a capital. Mais de 1 milhão de refugiados se aglomeram
na fronteira com Tanzânia e Uganda. Em agosto o presidente
e a guerrilha assinam os Acordos de Arusha, pelos quais
é formado um governo de transição com a FPR e outros partidos
de oposição, com o apoio da ONU.
Genocídio
tutsi
Em abril de 1994, Habyarimana e o presidente Cyprien Ntaryamira,
do Burundi e também hutu, morrem num acidente aéreo. O
episódio desencadeia uma guerra civil que dura até julho
e na qual os hutus massacram a população tutsi, deixando
1 milhão de mortos e 2,3 milhões de refugiados, que se
dirigem sobretudo ao Zaire, atual República Democrática
do Congo, e à Tanzânia. Em julho, a FPR (tutsi) toma Kigali
e põe Pasteur Bizimungu na Presidência. Em março de 1995,
2 mil hutus expulsos de um campo de refugiados são assassinados
por tutsis.
Refugiados
Em agosto de 1996, Ruanda e Zaire acertam o retorno de
refugiados hutus - sem participação da ONU, que não aceita
a repatriação forçada. Em outubro de 1996, os baniamulenges
- grupo étnico tutsi que vive no leste do Zaire - rebelam-se
contra a presença dos hutus na região. Apoiados pelo governo
ruandês (tutsi), os baniamulenges atacam acampamentos
de hutus que abrigam, além de civis, militares do antigo
governo envolvidos no genocídio. Em novembro de 1996,
cerca de 500 mil refugiados são expulsos do Zaire para
Ruanda. Outras 300 mil pessoas retornam nos meses seguintes.
Em maio de 1997, o novo governo da República Democrática
do Congo dá prazo de 60 dias para que se complete a repatriação
dos mais de 200 mil ruandeses ainda no país. Durante a
retirada, organizada pelo Alto-Comissariado das Nações
Unidas para Refugiados (Acnur), mais de cem pessoas morrem
sufocadas num trem superlotado que as transportava. Pelo
menos dois grupos de refugiados são massacrados, totalizando
mais de 200 mortos. Segundo denúncia da Anistia Internacional
em agosto de 1997, mais de 2,3 mil ex-refugiados hutus
haviam sido assassinados nos três meses anteriores pelo
Exército ruandês, de maioria tutsi.
Condenações
por genocídio
No início de 1998, milícias hutus fazem vários ataques
a aldeias tutsis no oeste e centro do país. Em fevereiro
massacram cerca de 90 pessoas em Jenda e Ngugo (noroeste).
A escalada de violência chega ao ápice em março, quando
2 mil hutus invadem uma penitenciária em Gitarama (centro
do país), matam várias pessoas e soltam cerca de 80 prisioneiros.
No mesmo mês, a justiça de Ruanda inicia o julgamento
de hutus acusados de participar do genocídio contra tutsis
em 1994. Em abril, 22 condenados são executados em Kigali,
diante de uma audiência de 30 mil pessoas, gerando críticas
de organismos de defesa dos direitos humanos. O tribunal
internacional instituído pela ONU em 1996 para julgar
os envolvidos no genocídio emite sua primeira sentença
em 2 de setembro de 1998: condena o ex-prefeito de Taba,
o hutu Jean-Paul Akayesu, por crimes contra a humanidade,
seqüestro, estupro e violência sexual. Dois dias depois,
o ex-primeiro-ministro ruandês Jean Kambanda, também hutu,
acusado de genocídio, é condenado pelo mesmo tribunal
à prisão perpétua.
Dados
Gerais
Nome oficial: República Ruandesa (Republika y'u Rwanda/République
Rwandaise)
Capital: Kigali
Nacionalidade: ruandesa
Idioma: francês, inglês e quiniaruanda (oficiais), quissuaíle
Religião: cristianismo 44% (católicos), islamismo 9%,
crenças tradicionais 47% (1996)
Moeda: franco da Ruanda
Cotação para 1 US$: 301,41 (jul./1998)
Geografia
Localização: centro-leste da África
Características: planalto central montanhoso, lago Kivu,
vulcões e cadeias montanhosas (O), planície e complexo
de lagos pantanosos (L)
Clima: tropical de altitude
Área: 26.338 km²
População: 6,5 milhões (1998)
Composição étnica: hutus 90%, tutsis 9%, tvás 1% (1996)
Cidades principais: Kigali (237.782), Ruhengeri (29.578),
Butare (28.645), Gisenyi (21.918) (1991)
Governo
República com forma mista de governo.
Divisão administrativa: 11 prefeituras subdivididas em
145 comunas.
Chefe de Estado: presidente Pasteur Bizimungu (FPR) (desde
1994).
Chefe de governo: primeiro-ministro Pierre Célestin Rwigyema
(MDR) (desde 1995).
Principais partidos: Frente Patriótica Ruandesa (FPR),
Movimento Democrático Republicano (MDR), Social-Democrático
(PSD), Liberal (PL), Democrático Cristão (PDC).
Legislativo: unicameral - Assembléia Nacional de Transição,
com 70 membros eleitos por voto indireto.
Constituição em vigor: 1995.
Economia
Agricultura: banana da terra (2,2 milhões de t), batata
doce (1,1 milhão de t), mandioca (250 mil t), feijão (120
mil t), café (15,2 mil t), chá (10 mil t) (1997)
Pecuária: bovinos (465 mil), suínos (80 mil), ovinos (250
mil), caprinos (920 mil) (1997)
Pesca: 3,55 mil t (1995)
Mineração: estanho (200 t) Indústria: bebidas, tabaco,
química, têxtil, petroquímica (plástico)
Parceiros comerciais: Holanda (Países Baixos), Bélgica,
Luxemburgo, Alemanha, Suíça, Tanzânia, Uganda
Relações
Exteriores
Organizações: Banco Mundial, FMI, OMC, ONU, OUA
Embaixada: 1714, New Hampshire NW, Washington D.C. 20009,
EUA
tel. (202) 232-2882, fax (202) 232-4544 |