Nigéria
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A
bacia do rio Níger abrange quase todo o território da
Nigéria, no centro-oeste da África, fertilizando a terra
e fixando no campo mais da metade da população. A atividade
agrícola é intensa e centrada no cultivo de inhame e mandioca.
Mangues, lagoas e ribeirões compõem a paisagem da região
costeira, dotada de enormes reservas de petróleo. A economia
baseia-se na extração petrolífera, produto que responde
por 90% das exportações. Destacam-se ainda reservas de
estanho, carvão, ferro e gás natural. Com 121,8 milhões
de habitantes, a Nigéria é a nação mais populosa da África.
As etnias hauçá, ioruba e ibo representam cerca de 60%
da população; os 40% restantes são divididos em 245 grupos
étnicos. O país convive com a rivalidade entre o sul,
rico e sob influência cristã, dominado pela etnia ioruba,
e o norte, muçulmano, com maioria hauçá. Sucessivos golpes
militares e a corrupção generalizada marcam a história
política da Nigéria desde a independência.
Fatos
Históricos
A região onde fica a Nigéria abriga, na Antiguidade, uma
das mais avançadas civilizações da África Ocidental, a
cultura nok (500 a.C. - 200 a.C.). O norte torna-se islâmico
a partir do ano 1000, com a civilização kanem, cujos sucessores
dominam as rotas comerciais do norte da África. Os britânicos,
em luta com os portugueses pelo controle do tráfico de
escravos, obtêm hegemonia sobre o litoral no século XVIII.
A proibição do comércio escravista, no início do século
XIX, não impede sua expansão pela bacia do rio Níger.
Em 1914, a Nigéria torna-se colônia britânica.
Guerra
civil
A partir de 1946, o governo britânico concede gradativamente
autonomia à região, até a independência da Nigéria, em
outubro de 1960. A luta pelo poder entre diferentes tribos
leva o país à guerra civil em janeiro de 1966, quando
um grupo de oficiais do Exército, de etnia ibo, toma o
poder e mata o primeiro-ministro Akubar Tafawa Balewa
e outros dirigentes, todos da etnia hauçá. O novo governo
- dominado pelos ibos, sob a chefia do general Johnson
Aguiyi-Ironsi - extingue a federação e centraliza o poder.
Um contragolpe, iniciado no norte, depõe Aguiyi-Ironsi,
que é assassinado. Milhares de ibos são massacrados no
norte, onde constituem minoria. Sobreviventes fogem para
o leste. A população da região, de etnia ibo, não reconhece
o novo governo, chefiado pelo general Yakubu Gowon. Em
1967, ele divide a Nigéria em 12 estados. Os ibos do leste
rejeitam a divisão e formam um país independente chamado
Biafra. O resultado é uma guerra civil que dura até janeiro
de 1970, quando Biafra se rende e é reincorporado à Nigéria.
Estima-se que durante o conflito tenham morrido entre
500 mil e 2 milhões de civis, quase todos ibos, vítimas
da fome ou dos confrontos.
Golpes
militares
Os anos seguintes são marcados pela instabilidade política,
com sucessão de golpes militares. Há um breve intervalo
democrático durante a gestão do presidente Shehu Shagari,
eleito em 1979 e reeleito em 1983. Shagari é deposto pelo
general Muhammadu Buhari, que assume o poder e, em 1985,
é destituído pelo general Ibrahim Babangida. O novo presidente
governa em meio a conflitos étnicos, corrupção e crise
econômica provocada pela queda no preço do petróleo. Babangida
reduz o poder dos militares e sufoca tentativas golpistas.
Em 1991, a capital do país é transferida de Lagos para
Abuja.
Eleições
anuladas
Em 1993, EUA e Reino Unido suspendem a ajuda militar e
congelam relações diplomáticas com a Nigéria. Babangida
é forçado a promover eleições presidenciais, que vinham
sendo adiadas. O empresário oposicionista Moshood Abiola,
do Partido Social-Democrata, derrota o candidato governista,
Bashir Tofa. As eleições são anuladas por Babangida, que
alega fraude. Numa tentativa de acalmar os protestos pela
anulação, ele transfere a Presidência a Ernest Shonekan.
Mas Abiola exige ser empossado. A Suprema Corte declara
inconstitucional o governo de Shonekan. Ele entrega o
poder ao ministro da Defesa, general Sani Abacha, que
governa ditatorialmente. Em junho de 1994, Abiola é preso.
Sua prisão desencadeia uma greve de petroleiros, seguida
por outros setores. O movimento provoca queda na produção
petrolífera, eleva o preço do produto no mercado internacional,
mas não consegue a libertação do líder. Em março de 1995
há uma tentativa fracassada de golpe. O governo executa
60 oficiais que participaram do movimento.
Ditadura
e corrupção
Em novembro de 1995, o regime do general Sani Abacha enforca
o escritor Ken Saro-Wiwa juntamente com oito ativistas
do Movimento pela Sobrevivência do Povo Ogoni, uma das
20 etnias que vivem miseravelmente no delta do rio Níger.
Pelo menos 12 nações, incluindo EUA e Reino Unido, reagem
retirando seus embaixadores da Nigéria. O país é temporariamente
suspenso da Comunidade Britânica. Em 1996 são realizadas
eleições locais, nas quais não concorrem partidos, apenas
candidatos. Em junho, Kudirat Abiola, mulher do ex-presidente
eleito Abiola e ativista pela libertação do marido, é
assassinada a tiros, provocando protestos e a suspeita
de envolvimento do governo, que prende três líderes oposicionistas
e os acusa de haver matado Kudirat. Novas eleições locais
acontecem em março de 1997, dessa vez com a admissão de
partidos.
Morte
do ditador
Em fevereiro de 1998, o regime executa seis prisioneiros
diante de um público de 2 mil pessoas, causando protestos
de outros países. Em março e abril, a polícia reprime
com violência manifestações contra o governo militar,
matando várias pessoas. Em 8 de junho, o general Sani
Abacha morre de ataque cardíaco. Seu substituto, o general
Abdusalam Abubakar, chefe das Forças Armadas, liberta
presos políticos e marca eleições presidenciais para fevereiro
de 1999. Em julho, o líder oposicionista Moshood Abiola,
preso desde 1994, morre repentinamente pouco antes de
ser libertado. A explosão de um oleoduto na cidade de
Apawor (sul), em outubro, mata mais de 500 pessoas, na
maioria mulheres e crianças que recolhiam combustível
num vazamento.
Dados
Gerais
Nome oficial: República Federal da Nigéria (Federal Republic
of Nigeria)
Capital: Abuja
Nacionalidade: nigeriana ou nigerina
Idioma: inglês (oficial), línguas regionais (principais:
haussá, fulani, ioruba, ibo)
Religião: islamismo 50%, cristianismo 40% (protestantes
21,4%, católicos 9,9%, seitas indígenas 8,7%), outras
10% (1985)
Moeda: naira
Cotação para 1 US$: 85,14 (jul./1998)
Geografia
Localização: centro-oeste da África
Características: litoral com lagos, região plana e baixa
com as depressões com vales do Níger e do Benuê (S), elevações
e platôs (centro, N), planícies e lago Chade (NE)
Clima: tropical (N), equatorial (S)
Área: 923.768 km²
População: 121,8 milhões (1998)
Composição étnica: grupos étnicos autóctones 94,5% (principais:
hauçás 23%, fulanis 22%, iorubas 21%, ibos 18%, tives
3%, ijos 6%, buras 1,5%), outros 5,5% (1996)
Cidades principais: Lagos (1.347.000), Ibadan (1.295.000),
Kano (699.900), Ogbomosho (660.600), Oshogbo (441.600)
(1992)
Governo
República presidencialista (ditadura militar desde 1993).
Divisão administrativa: 36 estados.
Chefe de Estado e de governo: general Abdusalam Abubakar
(desde 1998).
Principais partidos: Comitê do Consenso Nacional (CNC),
Democrático da Nigéria (DPN), Centro Nacional da Nigéria
(NCPN), Movimento Democrático (GDM), Congresso Unido da
Nigéria (UNCP) (únicos legais).
Legislativo: não há, dissolvido desde 1993.
Constituição: suspensa desde 1993.
Economia
Agricultura: cacau (155 mil t), látex (90 mil t), óleo
de palma (810 mil t), milho (2,9 milhões de t), arroz
(3,3 milhões de t), sorgo (7,3 milhões de t), cará (19,6
milhões de t), inhame (1,8 milhão de t), mandioca (30,4
milhões de t)(1997)
Pecuária: eqüinos (1,2 milhão), bovinos (19,6 milhões),
camelos (18 mil), suínos (7,6 milhões), ovinos (14 milhões),
caprinos (24,5 milhões), aves (126 milhões) (1997)
Pesca: 255,5 mil t (1995)
Mineração: petróleo (756 milhões de barris), gás natural
(37 bilhões de m³), carvão (betuminoso: 30 mil t) (1996)
Indústria: alimentícia, bebidas, refino de petróleo, siderúrgica,
automobilística, têxtil, tabaco, calçados, farmacêutica,
papel, materiais de construção (cimento)
Parceiros comerciais: Alemanha, Reino Unido, EUA, França,
Espanha, Holanda (Países Baixos), Itália
Relações
Exteriores
Organizações: Banco Mundial, Comunidade Britânica (suspenso
em 1995), FMI, OMC, ONU, Opep, OUA
Embaixada: SEN - Av. das Nações, lote 5, CEP 70459-900,
Brasília, DF
tel. (061) 226-1717, fax (061) 224-0320 |