Líbia
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Situada
no norte da África, a Líbia é um país desértico, sem rios
permanentes, com clima quente e seco. A maioria da população
(90%) vive na costa do mar Mediterrâneo, única região
que recebe chuva. O litoral abriga a capital, Trípoli,
e ruínas de antigas ocupações grega e romana, algumas
declaradas patrimônios da humanidade. O restante do território
é praticamente inabitado, existindo apenas algumas comunidades
ao redor de oásis. O país dispõe de grandes reservas de
petróleo - base da economia -, mas seu comércio é prejudicado
pelo isolamento internacional do regime implantado pelo
coronel Muammar Kadafi em 1969. O padrão de vida de sua
população é um dos melhores da África: o país possui o
terceiro maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
do continente, segundo relatório da ONU de 1998.
Fatos
Históricos
Na Antiguidade, a costa líbia foi povoada por berberes,
fenícios, cartagineses, gregos, romanos e vândalos, antes
de ser incorporada ao Império Bizantino, no século IV
da Era Cristã. Árabes conquistam e islamizam a região
no século VII, quando se expandem pelo norte da África.
Em 1517 o território cai sob domínio do Império Turco-Otomano,
situação que se mantém até 1911, quando é invadido pela
Itália. A resistência ao domínio colonial, liderada pelo
rei Idris I, inicia-se após a I Guerra Mundial, mas só
sai vitoriosa em 1943, com a expulsão dos italianos e
de seus aliados alemães por tropas inglesas. Em 1944,
Idris I volta do exílio e assume o controle formal do
governo. Transformada em protetorado inglês, a Líbia conquista
a independência em 1951.
Regime
de Kadafi
A descoberta de importantes reservas de petróleo, em 1959,
muda a fisionomia do país. Em 1969, um golpe militar liderado
pelo coronel Muammar Kadafi depõe a Monarquia, nacionaliza
as empresas estrangeiras e instala uma ditadura militar.
A tradição islâmica, o nacionalismo extremado e o personalismo
de Kadafi tornam-se a ideologia de Estado. Em nome do
apoio à causa palestina, o governo patrocina ações terroristas
no Oriente Médio e na Europa. Na década de 80, as relações
com os EUA ficam tensas: Washington rompe relações, impõe
sanções econômicas e congela os capitais da Líbia em território
norte-americano. Em 1986, bombardeia Trípoli e Benghazi,
sob pretexto de destruir campos de treinamento terrorista.
Uma crise internacional esboça-se em 1991, com as investigações
sobre o atentado a bomba que explodiu um jato da Pan American
em Lockerbie, na Escócia, em dezembro de 1988. Elas apontam
dois líbios como supostos responsáveis. EUA e Reino Unido
exigem de Kadafi a extradição dos suspeitos. Diante da
recusa, severas sanções econômicas são impostas pelo Conselho
de Segurança da ONU, em 1992, entre elas o embargo aéreo,
diplomático e do comércio de armas com a Líbia, vigente
até hoje.
Pressão
externa
Pressionado pelas medidas punitivas internacionais, Kadafi
toma algumas medidas buscando aliviar a tensão com o Ocidente.
Dá início a privatizações e abre a economia ao capital
estrangeiro. Para combater o terrorismo, reage ao fundamentalismo
islâmico: em 1993 rompe com o Irã, que apóia grupos extremistas.
Em abril de 1995, Kadafi desafia o embargo aéreo ao enviar
peregrinos à cidade sagrada de Meca em aviões comerciais
líbios. A ONU permite o transporte dos fiéis em aeronaves
egípcias. Em setembro, Kadafi anuncia a expulsão de 30
mil palestinos, mas só 1,5 mil são oficialmente deportados
até a suspensão da medida, em outubro. Em janeiro de 1996,
os EUA anunciam sanções mais severas ao país, penalizando
empresas que invistam mais de US$ 40 milhões na indústria
petrolífera líbia. Em março, Kadafi nega que esteja construindo
uma fábrica subterrânea de armas químicas - como denuncia
a imprensa norte-americana -, afirmando que se trata de
um sistema de irrigação. Em agosto, ação violenta do Exército
contra grupos islâmicos dissidentes leva à morte 150 rebeldes.
Em janeiro de 1997, seis oficiais do Exército e dois civis
são executados, sob acusação de espionagem.
Rompendo
o isolamento
O Vaticano estabelece relações diplomáticas com a Líbia
em 1997. Em abril entra em vigor a Convenção para a Proibição
das Armas Químicas, ratificada por 75 países - mas não
pela Líbia. Em maio, Kadafi viola de novo o embargo aéreo
da ONU e visita Níger e Nigéria para participar da celebração
islâmica do Ano-Novo lunar. Musbah Abulgasen Eter, ex-agente
do serviço secreto líbio, é preso na Itália em agosto,
acusado de atentado a bomba em 1986 numa discoteca de
Berlim, em que três pessoas morreram e 260 ficaram feridas.
Os países da Liga Árabe rompem o embargo aéreo contra
a Líbia em setembro de 1997. Em maio de 1998, Kadafi sobrevive
a um atentado, planejado pelo grupo extremista Movimento
dos Mártires Islâmicos. Em agosto, os governos americano
e britânico recuam em sua exigência de que os acusados
líbios sejam julgados no Reino Unido ou nos EUA e aceitam
a proposta da ONU de julgamento dos terroristas por um
tribunal escocês em Haia, na Holanda (Países Baixos) -
onde fica a Corte Internacional de Justiça, órgão da ONU.
Mas Kadafi, que sempre reivindicou a extradição dos terroristas
para um país neutro, rejeita a possibilidade.
Dados
Gerais
Nome oficial: Grande Jamahiriya Árabe Pop. Soc. da Líbia
(Jamahiriya al-'Arabiya al-Libiya ash-sha'biya al-ishtirakiya)
Capital: Trípoli
Nacionalidade: líbia
Idioma: árabe (oficial)
Religião: islamismo 97% (sunitas), outras 3% (1992)
Moeda: dinar líbio
Cotação para 1 US$: 0,39 (jul./1998)
Geografia
Localização: norte da África
Características: planície litorânea com rios temporários
(N); planaltos desérticos com dunas e áreas pedregosas
(95% do território); desertos do Saara (centro) e da Líbia
(L); escarpas (NO e S)
Clima: árido subtropical (N), e tropical (S)
Área: 1.775.500 km²
População: 6 milhões (1998)
Composição étnica: árabes líbios 97%, berberes, africanos
e turcos 3% (1996)
Cidades principais: Trípoli (1.682.000), Benghasi (804.000)
(1995); Misratah (121.700), Az Zawiyah (89.300) (1988)
Patrimônios da Humanidade: Sítio Arqueológico de Leptis
Magna; Sítio Arqueológico de Sabratha; Sítio Arqueológico
de Cyrene; Pinturas Rupestres de Tadrart Acacus; Antiga
Cidade de Ghadamis
Governo
Ditadura militar desde 1969.
Divisão administrativa: 3 províncias, 10 governadorias
e 1.500 comunas.
Chefe de Estado: coronel Muammar Kadafi (desde 1969).
Chefe de governo: secretário geral do Comitê Geral do
Povo Muhammad Ahmad Al-Manqush.
Partido político: União Socialista Árabe (único legal).
Legislativo: unicameral - Congresso Geral do Povo, com
1.112 membros da União Socialista Árabe.
Constituição em vigor: 1977.
Economia
Agricultura: cevada (150 mil t), trigo (168 mil t), tomate
(134 mil t), frutas cítricas (84,85 mil t), tâmara (67
mil t), figo (26,5 mil t), damasco (14,5 mil t) (1997)
Pecuária: eqüinos (77 mil), bovinos (100 mil), camelos
(129 mil), ovinos (4,4 milhões), caprinos (800 mil), aves
(16,6 milhões) (1997)
Pesca: 8,8 mil t (1995)
Mineração: petróleo (511 milhões de barris), gás natural
(12,5 bilhões de m³) (1996)
Indústria: refino de petróleo, siderúrgica (ferro, aço),
materiais de construção (cimento), alimentícia
Parceiros comerciais: Itália, Alemanha, Espanha
Relações
Exteriores
Organizações:
Banco Mundial, FMI, ONU, Opep, OUA
Embaixada: SHIS - QI 15, chácara 26, CEP 70462-900, Brasília,
DF
tel. (061) 248-6710, fax (061) 248-0598 |